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Por amor, ativista indiana pode abandonar quase 11 anos de greve de fome

A ativista Irom Sharmila, 39 anos, que completa no próximo dia 2 de novembro 11 anos de jejum em protesto contra a violência militar em Manipur, no nordeste da Índia, deve encerrar a greve de fome porque encontrou o amor da sua vida –o britânico de origem indiana Desmond Coutinho, 48 anos, que vive no Estado de Goa. A história de Irom Sharmila começou em novembro de 2000, quando aos 28 anos iniciou uma greve de fome após o assassinato de dez jovens por um grupo paramilitar. Logo que começou seu jejum, a ativista foi presa e acusa de tentativa de suicídio. Desde então, é obrigada a se alimentar por uma sonda no hospital Jawaharlal Nehru, sob custódia da Justiça da Índia.

As autoridades indianas obrigam Irom Sharmila a se alimentar no hospital por meio de uma sonda via nasal, mas durante todo este tempo, ela não bebeu água nem comeu nada. O esforço, no entanto, não mobilizou a opinião pública, como já aconteceu com outros ativistas naquele país. Às vésperas de completar 11 anos de jejum, Irom Sharmila manifestou ao jornal “The Telegraph” a intenção de se casar com Coutinho quando conseguir o fim da lei que dá poderes especiais às Forças Armadas. A ativista conheceu Desmond em uma audiência. Desde então começaram a trocar cartas. Em uma delas, o britânico propôs o casamento e ela aceitou.

Em entrevista, Irom Sharmila reclamou que ativistas insatisfeitos com o namoro se comportam de forma rude com seu noivo. Para ela, a rejeição não se deve apenas ao argumento de que Desmond faria parte de uma manobra para que ela encerrasse o jejum, mas também por fatores sociais. “Ele é de Goa, mas é um cidadão britânico. Por isso estão contra o relacionamento”, disse a ativista ao jornal Calcutta Telegraph.

O Estado indiano de Manipur tem uma população de 2,5 milhões de pessoas e grande presença do Exército, de paramilitares e da polícia, que combatem ao menos 12 grupos insurgentes desde 1980. O governo da Índia alega que a lei que dá poderes especiais às Forças Armadas para deter pessoas sem julgamento e também imunidade, mesmo depois de casos de assassinatos de civis, é necessária. Segundo o governo, a lei, promulgada em 1958, é necessária para restaurar a normalidade no Estado. Mas os grupos representantes da sociedade civil afirmam que esta lei causou grandes violações aos direitos humanos por parte de soldados e funcionários da polícia.